quinta-feira, 1 de julho de 2010

Tudo sobre Conservação da Biodiversidade - II

Nem sempre a literatura e a filosofia ampararam primordialmente a questão preservacionista. A melhor das intenções destes ícones do pensamento mundial eventualmente resultou em um equívoco interpretativo. Em 1692, o filósofo inglês Francis Bacon escreveu a favor do domínio total da nossa espécie sobre o planeta: “Se o homem fosse retirado do mundo, todo o resto da natureza pareceria extraviado, sem objetivo ou propósito”.


Em 1728, o compositor inglês William Byrd
afirmou que os macacos e os papagaios foram criados com o único objetivo e “oferecer contentamento ao homem’’. Com o passar do tempo, as primeiras pesquisas de anatomia animal mostraram que, muito além de prover o contetamento humano, destas espécies dependia a sobrevivência de inúmeras outras que integravam um equilíbrio global, inclusive a espécie humana. O cenário só mudou a partir do século 18, quando a Revolução Industrial inglesa começou a degradar as terras européias. No começo, a ecologia foi um movimento conceitual, que só inspirava uma minoria letrada. Em 1791,
o naturalista americano William Bartram publicou o influente Travels, relato de uma viagem de cinco anos da Flórida até o Mississippi, em que catalogou todas as espécies animais que encontrou pelo caminho. No fim do século 18, o poeta britânico William Wordsworth escreveu que a Revolução Industrial era “um ultraje à natureza” e acabaria com o ar puro. Em 1824, o físico francês JeanBaptiste Fourier pela primeira vez defendeu o conceito de efeito estufa – embora não usasse essa expressão. O exemplo pioneiro do imperador francês Napoleão III, que transformou as matas do Bois de Boulogne em parque parisiense, em 1852 foi seguido pelos ambientalistas ocidentais: o maior marco dessa fase intelectualizada do ambientalismo foi Walden, o livro do lingüista americano Henry David Thoreau, publicado em 1854. Durante dois anos, dois meses e dois dias, Thoreau viveu em um bosque às margens do lago Walden,
em Massachusetts. Ali ele passou os dias em contato com a natureza, caminhando, lendo e plantando seu próprio alimento. O livro, que relata essa experiência, provocou grandes caravanas de americanos em busca do lago Walden. Nele, Thoreau lança um dos conceitos -chave do ambientalismo: o de que a natureza tem o direito adquirido de ser mantida do jeito que é. Ainda hoje o escritor é considerado o avô da ecologia – apesar de o termo só ter surgido 12 anos depois, em 1866, quando o
anatomista e zoólogo alemão Ernst August Haeckel defendeu a necessidade
de uma ciência da natureza.

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